A picorrucha não para quieta! Outro dia mesmo...estava lendo um livro enquanto ela brincava com uma casa de encaixar peças. Olhei, ela estava tentando encaixar uma peça no formato de coração. Olhei novamente, ela estava em pé na mesinha de centro da sala! Tipo feitiço do Harry Potter! Wingardium Leviosa! 

Brincando no quintal, ela viu uma formiguinha carregando um pedacinho de comida (na verdade, a formiguinha foi é fazer as comprar pro fim de semana, lá na cozinha de casa..isso sim!), foi atras da formiguinha até a pequena (no caso, a formiga) entrar no buraquinho da parede. Parou, abaixou a cabeça, resmungou algo, cutucou, cutucou...sentou e começou a rir! Rir gostoso, daquelas risadas que a gente -adulto- fica com dor na barriga...Bom, lá vai um textinho sobre Brincar....

"Brincar, para a criança, é tão importante e sério como trabalhar é para o adulto. Ou mais até, porque dificilmente encontramos um adulto tão dedicado ao seu trabalho como a criança o é à sua brincadeira. O trabalho é dirigido de fora, pelas necessidades e metas dos adultos. Brincar brota de dentro da criança."

Brincando, a criança imita o trabalho, os gestos do adulto. Assim, ela descobre o mundo. Ela vivencia suas leis sem fazer conceitos lógicos sobre elas. Quando ela brinca com água, experimenta como se formam as gotinhas e vê como o sol brilha nelas. Ou joga pedrinhas numa poça d'água e acompanha os círculos concêntricos que vão se abrindo cada vez mais até chegar na beirada. Ou faz um barquinho de bambu ou de casca de árvore e fica alegre quando este flutua. Isto tudo para a criança é pura vivência.Se o adulto tenta levar estas experiências à consciência da criança, formulando com ela leis básicas de física, ele estraga a brincadeira, afastando a criança da ação e do movimento e separando-a do mundo ao qual ela ainda está totalmente unida. A criança pequena é inteiramente força de vontade. Ela só quer agir, transformar, brincar. Nunca pára quieta.

Trechos extraído do livro "Criança Querida - O dia-a-dia das creches e jardim-de-infância", de Renate Keller Ignácio (páginas 25, 26, 27 e 28) - Editora Antroposófica